AVENTURA: O SEGURO MORREU DE VELHO

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Em 1998 saímos de Miami em direção a Milford, simpática cidadezinha localizada 60 milhas ao sul de Boston em Massachusetts para o casamento de uma prima, filha do Paulinho que morava em Miami. Começamos a viagem em quatro motos, uma Yamaha Royal Venture, duas Honda Goldwing e uma BMW K 75 do pai da noiva que foi emprestada para outro casal de primos que também veio do Brasil para a festa. Das quatro motos somente uma, a BMW K 75, não chegou ao destino andando, seu piloto teve um tremendo desarranjo intestinal e precisou continuar a viagem a bordo da mini van do pai da noiva ao lado da moto e dos presentes dos noivos.
Lá os estacionamentos dos hotéis são abertos e a preocupação com o furto de uma moto está sempre presente. Nas terras do Tio Sam isto também acontece. Para um sono tranquilo o jeito foi aproximar as motos e trancá-las unidas uma as outras com correntes.
O roubo de uma moto numa viagem destas além da perda material e pior ainda, sentimental, causa um transtorno imenso. 

Rodar 2430 km de Miami a Boston para o casamento da nossa querida prima e na volta dar uma esticada de 1610 km para dar um abraço num primo, grande motociclista, em Westmont, Illinois, e depois mais 2240 km  pro descanso das motos em Miami pode parecer um exagero. Pra quem já viajou de moto alguma vez não é. O prazer de pilotar uma motocicleta, qualquer que seja a marca, modelo ou estilo fazendo parte da paisagem, vendo todas aquelas cores, sentindo todos os aromas e as vezes até o gosto não tem preço.
As GTs foram feitas pra viajar pelos Estados Unidos. São motos extremamente confortáveis e nossas garupas podem levar o que bem entender, até secador de cabelo e ferro elétrico. Nos encontros do MOA, clube dos apaixonados pela BMW um dos inúmeros prêmios é pra quem leva mais bagagem. Tem gosto pra tudo neste mundo. 
Nas viagens mais longas e com menos tempo disponível as modernas Interstates são inevitáveis, mas a condução é um pouco mais monótona.
Nestas rodovias é possível andar um pouco mais rápido, os motoristas de caminhão com seus detectores de velocidade e se comunicando entre si via rádio andam normalmente a quase 100 milhas por hora. Seguindo o ritmo destes veículos dificilmente seremos multados, sempre tomando o cuidado de não andar muito próximo do caminhão da frente, lá os pneumáticos também estouram. Nesta viagem pra Boston aconteceu com a gente e felizmente conseguimos desviar a tempo dos inúmeros fragmentos de um dos pneus do caminhão que estourou na nossa frente.
O ideal é curtir as antigas rodovias federais e as inúmeras estaduais. Seus traçados mais sinuosos cruzam pequenas cidades, belas fazendas, passam por parques estaduais e regiões cenário de inúmeros filmes que fizeram a alegria da nossa juventude, onde é possível até parar para tomar um sorvete na beira da estrada.
A policia rodoviária não para quem trafega até 5 milhas acima dos limites permitidos, mas por outro lado surgem do nada pra quem abusa. Daí a multa é certa e em alguns estados dependendo do lugar pode dar até cadeia. 
Os americanos, de maneira geral são muito legalistas, tanto os motoristas quanto os motociclistas. As motos devem usar o lugar de um carro e trafegar no corredor nem pensar. Nas filas dos pedágios, das balsas ou nos congestionamentos devemos esperar pacientemente atras do carro da frente, faça chuva ou faça sol. Segundo nossos amigos americanos, na Florida a policia faz vista grossa pros Harlistas, deixando-os trafegar pelo acostamento nos grandes congestionamentos das suas estradas estreitas. Dizem as más línguas que é pra evitar o super aquecimento. Meu primo, motociclista que morava em Westmont, cidadezinha da grande Chicago, dizia que o bom mesmo era viajar pela Europa onde a cultura do povo é outra. Lá todos gostam de moto e a policia até ajuda você a colocar sua moto encima da calçada naquelas ruas estreitas da Itália. Nas terras do Tio Sam subir na calçada dá cana.
Mas apesar dos pesares viajar por estas bandas é muito bom, estradas bem conservadas, respeito ao próximo, respeito ao meio ambiente, cuidado em preservar seus pontos turísticos, hospedagens pra todos os gostos e bolsos, tudo muito limpo e com preços honestos. O povo do interior recebe muito bem os viajantes motociclistas. A única dificuldade é fazer o pedido do prato nos restaurantes do interior principalmente pra quem não domina muito bem o linguajar dos “caipiras”. As opções de preparo parecem não ter fim. Se você pede um bife a garçonete pergunta mal ou bem passado, molho picante ou não, com sal ou sem sal, com o alface por cima ou por baixo e a sequencia de perguntas parece não ter fim e com a fome que a gente chega depois de um longo dia de viagem fica difícil. Na pior das hipóteses o jeito é entrar numa lanchonete onde tudo é muito igual.


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Saindo de Miami

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Painel da Yamaha Royal Venture
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O Seguro Morreu de Velho

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