TÃO IGUAIS – TÃO DIFERENTES !!!

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Recebi a visita de meu cunhado em casa, Rogério é um motociclista muito experiente e apaixonado pelas motos antigas, em um determinado momento da visita ele disparou:  – Não vamos dar uma volta de moto não ?   

Claro, Rogério, vamos pra garagem!



Agrale Dakar 30.0 foi a moto escolhida por ele, era uma das que ele não tinha andado ainda, e eu peguei a XLX350R pra acompanha-lo no passeio pela cidade.


As motos tem o mesmo ano de fabricação – 1988, eram concorrentes na época, ambas com 30 cavalos de potência, as duas são trail, possuem suspensões similares, freio a disco na dianteira, parecidas também no peso e posição de pilotagem. 

Pra um leitor desavisado são motos praticamente iguais, mas não são, tratam-se de motos de concepção e “escolas” completamente diferentes, uma italiana com motor 2 tempos e a outra japonesa com motor 4 tempos. 

As semelhanças realmente terminam ao ligar os motores:

O ronco estridente da Agrale ecoou pela garagem, saímos pela rua, logo as motos estavam com seus motores aquecidos, pudemos “fechar” os afogadores e começar o passeio.



No começo, Rogério na Agrale tentava me acompanhar, eu seguia num ritmo muito tranquilo pelas ruas seculares da cidade, piso de pedra, observando as construções históricas e ao amigo que curtia os primeiros metros com a outra motocicleta.  Mas, logo me dei conta da dificuldade que ele sentia em acompanhar o “Xizelão”.  

Se por um lado a Honda XLX350R estava tranquila rodando a cerca de 3.000rpm em marcha alta, seguindo em baixa velocidade pelas ruas da cidade, a Agrale não se sentia confortável a acompanhando daquela maneira, o motor parecia engasgar, resmungava, embaralhava, parecia querer andar mais…  

…eu fazia um passeio agradável, mas meu cunhado, assim como a Agrale não se mostrava a vontade naquela situação.  

Logo pegamos uma avenida asfaltada e foi o sinal pra dar uma acelerada na XLX e notar pelo espelho retrovisor a satisfação dele em poder acelerar, “limpando o motor”, fazendo com que as rotações subissem e a Agrale enfim fosse tocada da forma que ela mais gosta, nos altos giros.

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Essa “tocada” não é exclusiva da Agrale não, a tocada é assim mesmo na maioria das motos com motor 2 tempos, motores que tem característica de ter a potência e o torque máximos localizados nos altos giros, que faz com que a “moto goste” de girar alto.

A Agrale por exemplo possui os 30 cv situados aos 8.250 RPM e o torque máximo é 25% inferior ao da XLX, ainda assim são razoáveis 2,25 kgf.m aos 7.750 RPM.  

A “faixa útil” entre a potência máxima e o torque máximo é de apenas 500 RPM.  

Já a XLX entrega os mesmos 30 cv a uma rotação mais baixa, 7.500 RPM e os 3 kgf.m de torque logo aos 6.500 RPM – o que garante uma “faixa útil” entre potência e torque máximo de 1.000 RPM e situada já aos 6.500 RPM.  

Más, se os números de desempenho são tão parecidos, o que essa sopa de números significa?

Fomos treinados para ler apenas os dados de potencia, tanto de motos quanto de carros, sem nos importar com dados importantíssimos como a rotação em que essa potencia aparece e mais importante ainda, os números de torque…

Voltando pra pratica, acontece que a XLX entrega todo desempenho com muito mais conforto, é uma moto mais suave, mais fácil de pilotar, exige menos de quem a pilota.  Já a Agrale (falando em nome das 2 tempos) exige uma pilotagem mais esportiva, uma tocada mais “nervosa” pra entregar o mesmo desempenho (que não deixa de ser um espetáculo pra quem a toca!).

Motores 2 tempos eram muito comuns na dedada de 80, praticamente todas as motos da linha da Yamaha naqueles tempos possuíam motores de ciclo 2 tempos, as Agrale também.  Ja a Honda tinha apenas motores 4 tempos em toda a sua linha de produção no Brasil.

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Na pratica o que acontecia ontem é que andávamos juntos, tanto nas esticadas que dávamos nas avenidas, quanto nas ruas mais tranquilas, as duas motos seguiam sempre juntas, mas, o sorriso no rosto do Rogério era bem maior que o meu.  Ele, sentado na Dakar 30.0 estava se divertindo pra valer !!!


Você curtiu essa matéria?  conheça as outras motos da minha garagem.

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18 thoughts on “TÃO IGUAIS – TÃO DIFERENTES !!!

  • poxa muito legal nao conhecia seu Blog, e passarei aos meus amigos a dica… em tempo tenho uma Dakar 1987 com 11 mil rodados, algumas marcas de uso, mas nao troco ela por nada deste mundo….
    Giancarlo – Sao Jose dos Campos/SP

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  • poxa muito legal nao conhecia seu Blog, e passarei aos meus amigos a dica… em tempo tenho uma Dakar 1987 com 11 mil rodados, algumas marcas de uso, mas nao troco ela por nada deste mundo….
    Giancarlo – Sao Jose dos Campos/SP

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  • Grande máquina essa Lucky Strike!!! The Delega!

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  • Grande máquina essa Lucky Strike!!! The Delega!

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  • ESSE BLOG É MUITO BOM. ESPERO QUE CRESÇA CADA VEZ MAIS. AS MATÉRIAS SÃO MUITO BOAS, VÃO ALÉM DE CONHECIMENTO ADQUIRIDO PELA NET, VOCÊ TEM A PRÁTICA, A EXPERIÊNCIA, BAGAGEM PRA FALAR SOBRE MOTO.

    Resposta
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  • Moto é isso, por para rodar. Ter moto nova encostada, para dizer que tem, não é minha praia.

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  • Moto é isso, por para rodar. Ter moto nova encostada, para dizer que tem, não é minha praia.

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  • Moto é isso, por para rodar. Ter moto nova encostada, para dizer que tem, não é minha praia.

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  • O motor dois tempos é realmente chato, temperamental, gastador, mais frágil que o quatro tempos, a carburação é bem mais delicada, deixa os cabelos das mulheres fedendo a óleo… mas quem se apaixona por eles nunca abandona, aquela arrancada, o giro subindo rapidamente, o cheiro do M50 (quem lembra?) isso não tem preço. Tanto que até hoje não largo este motor..
    Abração
    Molina

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  • O motor dois tempos é realmente chato, temperamental, gastador, mais frágil que o quatro tempos, a carburação é bem mais delicada, deixa os cabelos das mulheres fedendo a óleo… mas quem se apaixona por eles nunca abandona, aquela arrancada, o giro subindo rapidamente, o cheiro do M50 (quem lembra?) isso não tem preço. Tanto que até hoje não largo este motor..
    Abração
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  • O motor dois tempos é realmente chato, temperamental, gastador, mais frágil que o quatro tempos, a carburação é bem mais delicada, deixa os cabelos das mulheres fedendo a óleo… mas quem se apaixona por eles nunca abandona, aquela arrancada, o giro subindo rapidamente, o cheiro do M50 (quem lembra?) isso não tem preço. Tanto que até hoje não largo este motor..
    Abração
    Molina

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  • Fui proprietário de 03 unidades Agrale na época áurea das mesmas.
    Motos de desempenho empolgante.
    Até hoje sou apaixonado !!!

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  • Fui proprietário de 03 unidades Agrale na época áurea das mesmas.
    Motos de desempenho empolgante.
    Até hoje sou apaixonado !!!

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  • Fui proprietário de 03 unidades Agrale na época áurea das mesmas.
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