As duas mochilas do motociclista…

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Na chuva a situação complica, ainda mais com a “mochila vazia”… não
entendeu?!   logo mais saberá do que estamos falando.

Viajar de moto é, e sempre foi, uma atividade muito gostosa, conhecer lugares diferentes, manter contato com a natureza, fazer parte da paisagem e não apenas vê-la através de uma janela, sentir cheiros, temperaturas, chuvas, temporais, cruzar com animais das mais diversas espécies, fazer amigos, curtir o trajeto e não necessariamente o destino, assim é e sempre foi –

Se é um site de motociclismo, disso todos sabem,né?! você ta literalmente “chovendo no molhado”, resmungou um abusado lá do fundo da sala…

… Ops! tá bom…parei…Era pra ser só uma introdução…

Se hoje em dia arrumar a bagagem em uma moto é uma tranquilidade, tamanha a oferta de acessórios, malas, cases, bolsas, alforges disponíveis, dos mais diversos materiais, fibra, plástico, alumínio, tecido, nylon, emborrachados, impermeáveis ou nem tanto…

As bagagens de hoje em dia garantem uma viagem tranquila, são
estanques e ainda dá pra pendurar um monte de adesivos…

Há pouco tempo fiz uma viagem rápida até Paraty, RJ com minha XT1200 e, depois de percorrer um trecho com altitudes variando dos 1.500 metros ao nível do mar (entre as cidades de Cunha, SP e Paraty, RJ) ao chegar na cidadezinha litorânea tive dificuldade em abrir as malas laterais da minha moto, tamanha pressão que se formou ali, quando finalmente abri percebi nitidamente a diferença de pressão formada com o som de um estampido. Dando a perceber como os alemães levam a sério a construção dessas malas modernas e a sua estanqueidade.

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Mas nem sempre foi assim, certa vez, final dos anos 1980, resolvi ir a Maresias (SP) na XL250R, eu ia passar uma semana lá, e como queria levar bastante coisa, não tinha preparação para isso na minha motocicleta, eu comprei de um amigo uma daquelas “mochilas de alpinista” bem grandes, nossa! Como era linda a mochila!  Tinha diversos “compartimentos”, um suporte de alumínio percorria toda traseira dela, almofadas, zipers por todos os lados, saco de dormir amarrado por cima, garrafa de água pendurada na lateral, a mochila devia ter cerca de 1 metro de altura.

Quando me vendeu, esse amigo foi me apresentando a mochila em detalhes, valorizando o produto que vendia e me explicando como usar, lembro-me como se fosse hoje, ele guardou para o final a grande dica: – “ta vendo essa almofada que fica aqui na base? pois é, serve de travesseiro, mas ela tem um ziper, e aqui dá pra guardar uns bagulhos…”   ele não tinha entendido que a minha droga era outra, uma que tinha duas rodas e um motor, mas tudo bem, entendi a instrução, usei aquele espaço pra colocar uns trocados.

Ao acondicionar minhas roupas na mochila, percebi que era grande demais (afinal de contas, homem, sozinho, praia, moto… não precisava de nada mais do que uma sunga e duas camisetas)… percebi que não precisava levar aquela mochilona, mas, no entusiasmo de utiliza-la eu entrei em uma missão de preparar a “mala”(sem alça) para uma “aventura”!  e assim fui colocando muitos itens supérfulos, alguns extra supérfulos e também (na parte de baixo esses) os hiper supérfulos.

A mochila ficou linda, cheiona, com o saco de dormir amarrado por cima!  poxa! dava gosto de ver! (detalhe que eu ia me hospedar em uma pousada, não usaria o saco de dormir – apenas mais um item entre tantos).

Mochila nas costas (várias amarras, ajuste das alças, amarra na barriga e coisa e tal), capacete, luva e fui pra estrada.  Seriam apenas 2 e 1/2  ou no máximo 3 horas de viagem, mas com as dores que comecei a sentir…  Acontece que, como era super alta, a mochila apoiou-se no banco do garupa e ficou acima da minha cabeça, a boa noticia é que o banco aliviou o peso que ficaria sobre meus ombros, mas o vento a forçava para trás e ai começou a seção de torturas, inclusive nos ombros, então puxados pra traz.

O calor era incrível, e quando me aproximei de São José dos Campos (SP), a chuva veio pra valer, mas não foi uma chuva comum, daquelas que apenas lavam a alma do caboclo. Alma, cueca, documentos e outros itens que não interessam neste momento ensoparam-se… a mochila? pois é, ficou bem pesada.  O vento vinha em rajadas, trazendo muita água consigo, como que, dando-me chibatadas e tentando explicar-me que não deveria ter me preparado daquela forma inocente para a viagem, que enfim transformara-se em uma aventura – e acreditem, entre todos os “utensílios” que havia separado, é claro, eu não havia colocado a capa de chuva!

Percebe o leitor a essa altura que, não apenas o equipamento era precário no final dos anos 1980, e era mesmo, mas este que vos escreve, se hoje tem a bunda toda calejada no lombo de moto, na época era muito inexperiente!  E pagava, a duras penas o preço dessa inexperiência.

O festival de inexperiências não parava por ai, pois segui viagem, embora com pista cheia de água e vendavais incríveis, dores e desconfortos, devia ter parado em um posto e quebrado a viagem em 2 ou 3 trechos, mas nada, afinal de contas antes de completar 20 anos somos todos super-heróis não é mesmo? Pois é, depois de mais de 4 horas viajando cheguei à pousada, eu estava moído, encharcado, a bagagem jorrava água parecendo que tinha umas 3 bombas de aquário ligadas dentro pra fazer dela um inusitado chafariz – só mesmo faltava o nariz vermelho redondo e os sapatos grandes pra completar o quadro, o perfeito palhaço! (com todo respeito aos profissionais do riso, mas não era a premissa básica da viagem – divertir a turma da recepção da pousada!).

Os dois primeiros dias na praia foram “incríveis”, secando roupas no varal da pousada, tentando entender o que eu tinha aprontado e pensando em como seria a volta.  Os demais foram bons, exceto uns passeios sem camisa pela BR101 que me renderam umas queimaduras absurdas, mas isso é historia pra outro dia.

A ideia hoje era mesmo relembrar como eram desconfortáveis as bagagens há 30 anos… e falar das duas mochilas do motociclista… falei apenas de uma? a mais pesada, até agora…

Existe uma máxima entre os motociclistas que é mais ou menos assim:

“Quando você começa sua vida como motociclista, carrega consigo duas mochilas: uma delas está repleta de sorte e a outra vazia de experiência. Com o tempo você vai esvaziando a mochila da sorte ao mesmo tempo em que enche a da experiência. Por isso, cuidado,  pois quanto mais experiência você adquirir, menos poderá contar com a sorte”  

Pois é, eu até hoje entendo e concordo com essa máxima, tomo muito cuidado pois sei que a minha mochila da sorte esvaziou-se e foi há um bom tempo…   só que naquela época eu não entendia e achava que a mochila tinha que estar cheia era a da tranqueira!!!  coisas de novato!  Em uma deliciosa época de inocência!


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10 comentários sobre “As duas mochilas do motociclista…

  • Bela reportagem e com boas dicas para nossos irmãos estradeiro.
    Muitos me perguntam o que levar, quanto levar, é um barato. Só o tempo mesmo para mostrar o que deve e o que não se deve ser levado numa pequena mala ou em bagageiros. Enrolar as roupas também é muito bom, diminui volume e sobra espaço, e é isso: o tempo vai ensinando.
    Parabéns pela reportagem.

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  • Bela reportagem e com boas dicas para nossos irmãos estradeiro.
    Muitos me perguntam o que levar, quanto levar, é um barato. Só o tempo mesmo para mostrar o que deve e o que não se deve ser levado numa pequena mala ou em bagageiros. Enrolar as roupas também é muito bom, diminui volume e sobra espaço, e é isso: o tempo vai ensinando.
    Parabéns pela reportagem.

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  • kkkkkkk, esse erro não cometi na minha vida… como devorava as revistas dos anos 80, a bípede "2Rodas",a "Motorsport" e "MOTOSHOW", "4 Rodas Moto"… aprendi a ensacar tudo com os sacos de lixo de casa, e pequenas mochilas… boas e longas viagens de 550 kms com minha valente SXT 16.5 1985 fizeram minh alegria naqueles tempos…

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  • kkkkkkk, esse erro não cometi na minha vida… como devorava as revistas dos anos 80, a bípede "2Rodas",a "Motorsport" e "MOTOSHOW", "4 Rodas Moto"… aprendi a ensacar tudo com os sacos de lixo de casa, e pequenas mochilas… boas e longas viagens de 550 kms com minha valente SXT 16.5 1985 fizeram minh alegria naqueles tempos…

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  • kkkkkkk, esse erro não cometi na minha vida… como devorava as revistas dos anos 80, a bípede "2Rodas",a "Motorsport" e "MOTOSHOW", "4 Rodas Moto"… aprendi a ensacar tudo com os sacos de lixo de casa, e pequenas mochilas… boas e longas viagens de 550 kms com minha valente SXT 16.5 1985 fizeram minh alegria naqueles tempos…

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  • Gostei muito da materia. ja passei por muitas coisas tambem. Imagina que comecei viagem de moto com uma.shadow 600 com alforges e tudo mais. Ia perto mas a graca era encher os alforges. Alem do peso extra na moto, consumo exagerado no combustivel, dores no corpo para segurar a moto. Quanta.coisa errada

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  • Gostei muito da materia. ja passei por muitas coisas tambem. Imagina que comecei viagem de moto com uma.shadow 600 com alforges e tudo mais. Ia perto mas a graca era encher os alforges. Alem do peso extra na moto, consumo exagerado no combustivel, dores no corpo para segurar a moto. Quanta.coisa errada

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  • Gostei muito da materia. ja passei por muitas coisas tambem. Imagina que comecei viagem de moto com uma.shadow 600 com alforges e tudo mais. Ia perto mas a graca era encher os alforges. Alem do peso extra na moto, consumo exagerado no combustivel, dores no corpo para segurar a moto. Quanta.coisa errada

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