A vida como ela é

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Uma moto com história

Ao ver essa moto e conversar com seu dono, lembrei imediatamente do jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues que, em sua coluna diária no jornal Última Hora, abordava temas do cotidiano de pessoas comuns anos de 1950. Por isso, peço permissão aos seguidores para falar de uma moto que mostra “a vida como ela é”. Assim como os personagens de Nelson Rodrigues, essa Honda XL 125 S, que você vê nas fotos, é uma das milhares de motos comuns que ainda seguem na rotina. Trabalhando e se entregando ao dono, ela não teve sorte de parar em alguma coleção ou ser “adotada” por um motociclista amante da história. Nada disso, ele veio ao mundo para trabalhar e servir, até o final dos seus dias…

Fabricada em 1984 seu motor, de 125 cc, já passou por uma retifica e ainda atende bem às necessidades diárias do seu dono

Nunca me deixou na mão

Ela não tem nome ou apelido. Sua rotina diária consiste em acordar cedo, carregar todas as ferramentas usadas para jardinagem e levar o Sr. Francisco para a labuta diária. “Ela é fácil de ligar” comentou o proprietário quando perguntei sobre o funcionamento do motor. “Quando está no neutro, pega fácil, engatada, demora um pouco”… Observa o dono que está com a moto há três décadas. “Nunca me deixou na mão…”

Minha ligação com a Honda XL 125 vem dos anos de 1980 quando tive uma vermelhinha, ano 1984, igual a do Sr. Francisco. Em um curto bate papo, durante minha caminhada matinal, comentei com ele das viagens que fazia com a minha “xizelinha”. Aliás, já dividi com os amigos parte desta aventura aqui no Motos Clássicas. Esta é a segunda vez que paro para admirar essa ” xizelinha” que foi lançada em 1984 e se manteve em produção até 1989, quando chegou ao Brasil a moderna NX 150.

Apesar da aparência cansada, fruto do 30 anos de trabalho, é interessante observar a forte ligação que o Sr. Francisco tem com sua companheira de duas rodas. “Ela é minha ferramenta, subo nela e venho atender meus clientes, eu tinha umaTwister, mas troquei por um carro”. Ele pretende ficar com a moto por muitos anos. Espero que sim, que ele tenha bastante saúde para cuidar dos jardins e da sua sua velha e honrada XL 125.

No painel, que traz as marcas da vida, é praticamente impossível ler as informações acumuladas por décadas

Vale a pena restaurar?

Agora vem a pergunta: com tanta história, foi o primeiro modelo da série, vale a pena comprar uma moto em tais condições? Se for seguir os conselhos dos colecionadores não vale. A justificativa é a extrema dificuldade em deixá-la em boas condições e os custos da restauração que elevaria seu preço às alturas.

Quando a história atrapalha

Então, seguindo a linha de raciocinio do começo do texto, se for procurar uma moto para a sua coleção, deixe de lado àquelas que tiveram uma vida sofrida, mesmo que a sua história seja legal, como a Xizelinha do Francisco. Prefira um exemplar que teve uma vida mais mansa e foi menos exigida. Quando o Diego comprou a XL 125 do acervo da garagem (da foto abaixo), eu fui na casa do vendedor e pude perceber o cuidado e o carinho que ele dedicava para a motocicleta, conheça o modelo.

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One thought on “A vida como ela é

  • Elas ainda estão por aí. Lindinha essa XL 125cc. Eu conservaria o máximo que puder. Vale a pena sim.

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