Rodando com a GTS1000
Imagine-se de volta a 1993, as importações de veículos haviam sido liberadas há pouco, começavam a chegar os grandes carros e motos importadas, mas… até um ano atras, nossos mitos eram Gol GTI – que estreou a injeção eletrônica no Salão do Automóvel de 1988. Lembre-se que, ainda em 1992, vendia-se aqui o Chevrolet Opala que somente em agosto daquele ano foi substituído pelo Omega (modelo 1993) – já injetado também.
ABS? Conhecíamos em revistas até então, embora na linha Mercedes Bens desde 1984, foi a Volkswagen a pioneira com o ABS no Brasil com o Santana 1991.
Esse era o cenário no final de 1992 |
O salão do automóvel de SP de 1992 ferveu! As importações acabavam de ser abertas, e foi um festival de novidades jamais imaginado… Mitsubishi Pajero, BMW325i, Honda NSX, e também Kadett e XR3 conversível… uma festa! O mercado estava em ebulição.
– Que papo estranho! Carros, ABS, injeção eletrônica!? resmunga o leitor no canto do sofá.
– Callllmaaaaa! Deu pra se situar? Das motocicletas você já conhece… sabe que quem reinava aqui eram a CBX750 Indy e a RD350R!
Imagine agora, o quão foi impactante em terras tupiniquins a chegada de uma moto como a Yamaha GTS1000? Não era a rainha da velocidade, do desempenho, da potencia! Mas vinha recheada de tecnologia… com injeção eletrônica, freios ABS, catalisador, motor de 20 válvulas e um incrível sistema de quadro (denominado Omega). Destaque maior para a suspensão dianteira mono braço – e não foi somente aqui, a tecnologia encantou o mundo naquele momento!
A “sem garfo” radical |
O Futuro! |
Uma maravilha radical! |
O Passeio com a GTS
Neste final de semana a GTS 1000 foi convidada para um passeio, a moto, recém integrada a coleção, ainda não passou por uma revisão, o que será feito nos próximos dias. O amortecedor traseiro está com pouca ação, precisando de uma regulagem ou talvez uma intervenção mais importante. Então nada de abuso nas curvas nesse primeiro contato com a moto, apenas um passeio tranquilo mesmo, levando garupa inclusive. A primeira constatação imediata: ao sair com a moto uma rodinha se forma em volta, no trânsito, pescoços são torcidos, a moto chama muita, mas muita mesmo, atenção por onde passa! E olha que to acostumado a andar com motos pouco convencionais pelas ruas…
Curtindo o lindo dia de outono ” a bordo ” da GTS1000 |
A região ao redor da represa Jaguari – Jacareí ( a primeira e a maior represa do sistema cantareira ) é espetacular, com estradas agradáveis e curvas generosas, o visual “da toscana” encanta, muito embora o asfalto já teve seus melhores dias.
Represa Jaguari-Jacarei – a maior e de maior altitude do sistema cantareira. |
Se 100cv em 1993 era a potência de muitos carros considerados fortes (um Gol GTI por exemplo “esbanjava” 120cv) , hoje esses números não nos fazem suspirar. Mas é suficiente. O motor de conceito gênesis (que na época equipava a FZR 1000 e mais tarde veio a ser usado nas primeiras Yamaha YZF-R1 – claro modificado para gerar mais potencia) é honesto, empurra bem o conjunto, mas para os padrões de hoje em dia, merece cuidado pois passaria vergonha ao lado de uma Hornet 2005…
O inovador quadro “omega” e a incrível suspensão dianteira. |
Já quando o assunto é ciclística – ela dá um show!!! Trata-se de uma sport touring, e como tal oferece uma posição de pilotagem muito agradável, com guidão e pedaleiras oferecendo conforto, para-brisas alto, porta objetos (enorme e fechado a chave) no tanque.
Porta luvas a frente e tampa do tanque de combustível mais pra trás. Visual muito limpo, linhas harmônicas. |
A obsessão por carenar a moto foi tão grande, praticamente nenhum componente mecanico aparece, e repare que até o bocal de combustível fica protegido por uma tampa, como na industria automobilística. As semelhanças não param por aí, pois a tampa também segue o padrão dos automóveis e a entrada de gasolina é do mesmo sistema, com um afunilamento pronunciado e uma portinhola no fundo, tipo guilhotina! Tudo muito caprichado, em aço inox. Imagino que na época, tenha sido um problema para quem a adquiriu no País, pois os bicos das bombas nacionais eram todas mais grossas, mais tarde é que aderiram ao padrão adotado em outros países.
uma vez aberta a tampa de plastico, descobre-se que há uma bonita tampa de inox no tanque. |
e quando se retira essa tampa, veja o sistema: igualzinho dos automóveis… |
Painel nitidamente inspirado na industria automobilística! – relógio digital, 9 luzes espia, dois odômetros parciais… um luxo! |
Por falar em velocímetro, em uma esticada, ainda na rodovia D. Pedro, foi possível superar os 200 km/h com facilidade, o cambio muito bem escalonado tem suficientes 5 marchas, sendo a quinta bem longa.
Essa unidade veio com as malas laterais opcionais, mas pra esse passeio resolvi deixá-las na garagem. Fica menos “sedan”!!! Embora volumosas, têm um sistema de fixação muito inteligente e prático!
Freios com ventilação |
ventilação característica da industria automobilística |
Na região do entorno da represa, com suas curvas, foi possível avaliar com mais atenção. A entrada de curva é um pouco pesada, possivelmente por conta do pneu dianteiro de medidas exageradas (130/60 R17), mas depois que inclina, fica nos trilhos, lembrando que é uma Sport Touring e não oferece a agilidade de uma CBR 900RR com aro 16… Nas frenagens realmente não há grande afundamento da suspensão dianteira, e apesar de ter apenas 1 disco na dianteira (com o mono braço fica impossível colocar dois discos) a moto freia muito! Graças ao tamanho generoso do disco dianteiro, e da pinça de 6 pistões contrapostos colocada estrategicamente no topo do disco, colaborando para reduzir o mergulho em frenagens mais fortes. Sistema que agrada muito!
Mais de automóveis? Pois então, os discos traseiro e dianteiro, tem o mesmo sistema de ventilação adotado em automóveis…
Mas e ai?
Bem, se é tão bacana assim, tão tecnológica, foi apontada como moto do futuro… cadê ela? Por que desapareceu tão rapidamente? (ficou em produção entre 1993 e 1998, com pouquíssimas unidades produzidas) – bem, hoje, passados 26 anos de seu lançamento, não é difícil de explicar: Ela custava “os olhos da cara”!
As tomadas de curva são um pouco pesadas, mas a moto segue em um trilho depois de inclinada! |
O perfeito encaixe das pernas e a preocupação aerodinâmica. |
Aos 51 anos, Diego completa 38 intensos anos de motociclismo! Colecionador detalhista e aficionado por motos clássicas, principalmente as dos anos 1980. Ultrapassando a marca do 1.000.000 de km rodados – Seja como piloto de testes da revista Duas Rodas, aventurando-se pelo mundo em viagens épicas e solitárias em motos super-esportivas ou quebrando recordes de distancia e resistência sobre a motocicleta onde conquistou 18 certificados internacionais “IronButt”.
Linda matéria, lindas fotos e indescritível motocicleta. Depois de a YMB suspender sua importação, algumas ainda vieram via Chile.
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Faz uns 15 anos atrás pesquisei muito sobre esta maravilhosa moto. Até encontrei uma anunciada mas, no momento não pude adquirí-la.
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