Como aquela CB 400 protegeu seu dono e evitou o assalto

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As tralhas na moto, aposta fechada, agora é estrada… Muita coisa aconteceu naquela viagem…

—  Tô indo aí! Saio cedo e toco direto. De noitinha eu chego em Brasília! (eu)

—  Capaz! Duvido, são 1.300 kms, você só chega amanha. (ele)

—  Quer valer quanto ou o quê?! (eu )

—  A rodada de cervas é claro! (ele)

—  Fechou contrato!!!!! ( eu)

… E assim começou um momento da minha vida, como muitos outros, pra la de louco.

Acordei cedo, já com as tralhas amarradas na motoca. Uma Honda CB 400, ano 1981. Calma… isso foi em 1984 ou 1985 que rolou.

Abracei a mãe, me despedi da cachorrinha Suzi e acelerei. Deixei Serra (Espirito Santos) e ganhei a BR 262, sentido Belo Horizonte e fui subindo a serra. Em Venda Nova do Imigrante parei pra completar o tanque da minha “Trovão Azul” , toquei pra dentro um cafezinho e pé na estrada de novo.

Rodei pouco, uns 50 km depois bateu uma leseira, uma soneira… E com sono não da pra pilotar. Encostei fora da pista num lugar tranquilo e arborizado, coloquei a CB no descanso central e me estiquei sobre a poltrona que muitos chamam de banco.

Apaguei por mais de uma hora.

Acordei assustado, olhei o relógio e o sol já ia alto, Me aprumei na moto e pau nela. Não sei por que mas a viagem foi atrasando… atrasando… Acabei passando em BH de tardinha. Anel Viário entupido de mineiros querendo chegar em casa pra ver novela. rsrsrs

Caraca lembrei da aposta. Aquelas cervas que já estavam no “papo” agora tinham se mudado pra Marte. Passei por Paraopeba (eita nomezinho da gota) já anoitecendo. E como era inverno, a breu caiu rápido.

Do lusco Fusco pra o escuro foi um pulo. E a noite foi descendo e cobrindo tudo de negro.O farol da CB ia firme e forte, iluminando a pista como faróis de um Boing (santo exagero). Junto com a noite veio o frio de inverno do cerrado. Meu casaco de couro ficou geladíssimo. E eu junto com ele.

Parei pra olhar o relógio… e já passava bastante das nove da noite. Brasilia parecia um sonho distante. E as cervas também. Ai bateu de novo a maldita leseira, ou bendita… Vai saber… Abri a viseira do capacete e fui recebendo o vento gélido no rosto. Aquilo parecia que me mantinha desperto.

De repente um cachorro GIGANTE do tamanho de uma casa atravessou a pista à minha frente. Desviei e entrei no cerrado com a CB. Não tinha acostamento. Acabara de ter um sonho, ou alucinação pelo vento frio nos olhos ou por ter dormido sobre a moto. O certo é que a festa acabou ali. Resolvi parar no próximo posto e pernoitar numa cama quente.

Dane-se a cerveja

Foram muitas as viagens do Eugênio com a “velha CB” na década de 1980

No primeiro posto parei. Não tinha hotel, mas nos fundos tinham “quartinhos”. Tipo aqueles que se alugam por hora pra os necessitados! Hummmmm… Mm motel pulguento. Mas sem possibilidade alguma de prosseguir, foi ali mesmo.

Entre “ais, uis, mais, e sim, sim” abri a porta do meu quarto, que era pouca coisa maior que meu banheiro. Cabia a cama de solteiro, um ventilador e só.

É logico que a CB foi pra dentro do quarto comigo. E a coloquei encostada na porta, com a roda dianteira e no descanso central. Eu não deixaria a minha “menina dormir sozinha naquele antro de perversão”!!!

De madrugada alguém bateu na porta. Bateu, bateu… Depois socou… Esmurrou, tentou forçar pra abrir. Mas a CB tava na frente. Eu… Dormindo estava, dormindo continuei.

Mistério

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A Honda CB 400, ano 1981, às margens do Lago Paranoá, em Brasília

Pela manhã, moto pra fora e tudo preparado pra ir pra estrada de novo. Vi vários policiais no posto perambulando. Ai perguntei o que ocorrera.

— O posto foi assaltado de noite. Levaram tudo e ainda “depenaram” os hóspedes. O senhor não foi? roubado? (perguntou o frentista)

Sai de fininho antes que alguém pudesse imaginar que eu era cúmplice. Afinal a unica porta que não abriu foi a minha.

Enfim, chegando em Brasília, paguei as cervejas com gosto e mais uma história para contar…

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Eugênio De Barros Campos, postou esse “causo” na página do Facebook ESTÓRIAS ENGRAÇADAS DE MOTOS & BARRACAS. Entusiasta das grandes viagens e um amigo dos tempos antigos da Duas Rodas, pedi sua autorização para reproduzir para os seguidores do Moto Clássicas 80, espero que gostem!!!


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3 comentários sobre “Como aquela CB 400 protegeu seu dono e evitou o assalto

  • Muito legal mesmo. Não tem como não gostar de uma história dessas. Cbzona, limite de velocidade de 80 km/h, era muito legal os passeios, ou viagens, como queiram. Como nunca fui muito apressado, adoro curtir essas viagens. Minha CB ainda viaja pra lá e pra cá, não fica parada. Uma viagem dessa, realmente, é para guardar no coração.

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  • Parabens! Excelente contador de causos… Bateu uma saudade da minha Cebezona, aliás deve ser depois dessa estória que essa moto ficou assim conhecida… CB-Zona!

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  • Grande Mestre Eugênio e suas histórias interessantes, sempre.

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