Maio de 1990

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Fernando Collor na Kawasaki Ninja
Depois de 14 anos da proibição de importações de veículos (Ernesto Geisel, Abril de 1976), em 09 de maio de 1990, Fernando Collor voltou a abrir o mercado.  Deixando de lado a parte politica, econômica e também as lambanças que este então jovem presidente fez naquela época, vamos relembrar aqui o que acontecia conosco, reles motociclistas… 
Eramos jovens também, acostumados a lei da “pouca oferta e muita procura”, que levava os preços a estratosfera, filas de espera nas concessionarias, termos como ágio faziam parte do nosso vocabulário na hora da compra.  
Os fabricantes já estabelecidos, conseguiam, de certa forma, trazer motos importadas mesmo durante a proibição (em um sistema conhecido como CKD) desde que parte delas fosse nacionalizado,  então, as partes principais (quadro, motor, suspensão, alimentação) acabavam vindo do exterior (atendendo ao sistema CKD vinham parcialmente desmontadas), e as partes periféricas (aros, pneus, bancos, plásticos, painel, tanque etc) adquiridas no mercado nacional. Desta forma, recebemos, ainda que a “conta gotas”, as hoje raras e colecionáveis (e naquela época caras e escassas) CB400 japonesas, XL250R japonesas, CBX750F 86 japonesa e outras que não me lembro no momento. 
Eram sempre as “primeiras” motos de cada geração, ou seja, as primeiras XL a chegarem, as primeiras CB a chegarem, as primeiras CBX a chegarem…depois, pouco a pouco vinham sendo nacionalizadas em maior percentual e perdendo esse carisma (mas não necessariamente a qualidade).  
Isso vem a explicar, em partes, porque as “pontas” de produção (as motos dos primeiros anos, ou o ultimo modelo antes de sair de linha) valem mais quando falamos de colecionáveis – foram as mais desejadas, as mais sonhadas, e, vez ou outra, eram importadas, causaram frisson quando lançadas e em alguns casos, inauguraram categorias ou quebraram paradigmas de desempenho ou tecnologia.
Mas, voltando ao que interessa, o que mais acontecia naquele Brasil de 1990?  mais precisamente 1991, quando realmente começaram a chegar as motos importadas?
Eu te conto:  Instantaneamente, motos incríveis como CBX750F (na época era a Indy que estava em linha), e a XT600Z Ténéré, tornaram-se obsoletas.  Também pudera!  nos demos conta que estávamos parados no tempo!
CBR1000F – de acordo com a mídia especializada da época, foi a primeira moto importada a
entrar no Brasil depois da abertura de 1990
CBX750F ostentava 82 cv e 229kg e que se esforçava pra atingir 200km/h, e a primeira moto que chegou ao pais foi qual? uma lindíssima, moderníssima CBR1000F, com refrigeração liquida, 1000cc, 135hp, 249kg, e velocidade máxima de 257km/h.
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Super Ténéré  – Chegou, ainda que em pequenas quantidades, mas causou furor!
A Ténéré 600Z, que muitos amam, inclusive eu… logo se viu diante da incrivel, XTZ750 Super Ténéré – motor refrigerado a liquido, 5 válvulas por cilindro, 70hp (quase a potencia da CBX750F, numa trail bicilíndrica!!!), 196 km/h de velocidade final (olha a CBX750F ficando pequena ai outra vez…)
Enfim, comparando apenas  2 modelos, emblemáticos,  mas a avalanche de modelos que recebemos nos dois ou três anos seguintes foi incrível!
Suzuki, Kawasaki nos mostraram motocicletas com mais de 150cv. 
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GSXR 1100 e GSXR 1100W – impactantes! 155hp na versão refrigerada a liquido!  um desempenho de sonho, pra um mercado que estava acostumado a pagar caro por uma “top de linha” de 750cc e 82hp…
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A família Ninja talvez tenha sido a mais emblemática!  também pudera, tínhamos como top aqui os 200km/h e ela veio mostrando que 280km/h eram possíveis.  Descobrimos então, que não apenas nossas motos eram “carroças”, mas nossas estradas eram impraticáveis!
Me lembro de, pela primeira vez, ter sentido medo ao acelerar uma motocicleta, quando sentei em uma ninja (acho que era zx-10) e percebi que havia ali mais moto do que piloto.
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Nem o mais ousado sonhador, podia sonhar, em tempos de proibição com uma criatura que despejasse 145hp, extraídos de seu V4 refrigerado a liquido, e transmitidos para o asfalto através de um eixo cardã.  Vivemos um sonho!
Outra que me lembro claramente, me fez sujar as cuecas… foi a V-Max!! Caramba, me lembro que acelerei uma vermelha 1995 e…  bem, nunca mais esqueci da brutalidade dela!
E assim,  fomos apresentados a um novo mundo, onde motos realmente modernas vieram a fazer parte de nossas vidas, não desmerecendo as clássicas e eternas CBs, XLs, DTs, XTs que, com valentia, nos ensinaram a andar de moto e a desbravar esse pais, no final dos anos 1980, merecem o nosso respeito e espaço em nossas coleções, afinal, além de terem sido as nossas professoras, somente elas são capazes de contar a historia (bizarra) do motociclismo do final do milênio no Brasil!

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3 comentários sobre “Maio de 1990

  • Depois da honda cb750f, a cbx1050 que mais impactou. Depois,honda cx500 turbo, vf 1000f/r, yamaha v-max (citada), fj 1100/1200, kawasaki gpz 750/1100 (também algumas turbo), as 900/1000 ninja, ducati 851…

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  • Depois da honda cb750f, a cbx1050 que mais impactou. Depois,honda cx500 turbo, vf 1000f/r, yamaha v-max (citada), fj 1100/1200, kawasaki gpz 750/1100 (também algumas turbo), as 900/1000 ninja, ducati 851…

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  • Depois da honda cb750f, a cbx1050 que mais impactou. Depois,honda cx500 turbo, vf 1000f/r, yamaha v-max (citada), fj 1100/1200, kawasaki gpz 750/1100 (também algumas turbo), as 900/1000 ninja, ducati 851…

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