LAVE A SUA CLÁSSICA COMO ELA MERECE!!!
Não vamos ensinar o “padre” nosso ao vigário… é assim que dizem aqui em nossa região: todos sabem como lavar sua motocicleta, mas, vamos apenas chamar atenção a alguns pontos que numa motocicleta normal lava-se de uma forma e em uma clássica o cuidado é outro.
São apenas recomendações, cada um tem sua receita para lavar a moto, vai da analise de cada um, experiencias pessoais , nada é obrigatório e poucas coisas são proibidas, desde que se use o bom senso:
ATENÇÃO: A loira acima não está incluída nas instruções aqui relatadas e não é necessária para completar o procedimento! Muito embora, absolutamente sem contra indicações. |
– água quente x água fria: vamos imaginar que a sua moto não esteja suja-imunda-emporcalhada. Lavar uma motocicleta de cross depois de uma corrida na lama é uma situação, lavar uma moto clássica que pega algum pó de ficar guardada, ou tomou uma chuva pequena, é outra situação completamente diferente. Eu não recomendo água quente no “nosso” caso, pois enquanto estamos aplicando água quente na moto, o vapor está subindo e atingindo partes que talvez não pretendêssemos molhar. O vapor ao entrar em contato com a superfície da moto volta ao estado liquido… Pode embrenhar-se no chicote elétrico, nas conexões, no regulador de voltagem, CDI e outras “partes intimas” que devem permanecer secas. Além disso, ele vai molhar regiões onde voce não vai conseguir enxugar depois, como a clássica acaba tomando banho e logo voltando pra baixo da capa – diferente da moto de uso ou da cross do exemplo do começo da matéria – mais dia menos dia vamos encontrar alguns focos indesejados de ferrugem (existem focos desejáveis?).. portanto: Água fria!
– preparação da moto: antes mandar água pra cima da moto, recomendo que em um ambiente organizado e limpo, as partes principais sejam retiradas da moto – banco, tanque, laterais – e claro, que a moto esteja fria. Esse assunto de lavar a moto quente ou fria é polemico, e com certa razão:-uns defendem que não há problema algum , pois em caso de chuva ou de atravessar alguma poça de água mais profunda, ou no caso das motos de enduro que atravessam riachos com motor bem quente normalmente não acontece nada. Mas, no caso das clássicas devemos deixa-las esfriar, as razoes são bem simples: água fria em contato com motor quente gera vapor, vapor sobe e se entranha onde não era pra entranhar… acabamos de falar disso no tópico acima! Outra razão é que a pintura do motor e principalmente as curvas do escapamento vão começar a descascar com esse choque térmico, a pintura, se for original de fábrica ainda, está cansada certamente, se não for original, não resiste mais como a original.
– molhando: talvez a hora mais esperada e a mais gostosa é a hora de efetivamente lavar a moto, mandar água pra cima dela. Pra começar, eu não recomendo que se use uma lavadora de pressão. A água – outra vez – vai entranhar por onde não foi convidada, rolamentos, elos da corrente de transmissão, eixos e etc. – por isso, legal mesmo é deixar a lavadora de pressão pra outra finalidade e usar a boa e velha mangueira de jardim. Cuide também com a entrada do escapamento, não deve entrar água ali, e, considerando que a moto vai estar semi-desmontada, cuidado com as entradas do filtro de ar. Tanto escapamento quanto filtro de ar podem ser vedados com sacolinhas plasticas antes de começar a festa! (Lembre-se de tirar depois….).
– sabão e enxague: sem vir com aquele papo chato de orgânicos, ninguém merece! Nossa moto é pura química, tudo que tomamos pra nos defender de doenças é química, tomamos banho com produtos químicos, agregamos cloro a água que bebemos… não há como fugir das químicas na hora de lavar a companheira, mas podemos escolhe-las: Sabão neutro, ou melhor ainda, sabão de coco dissolvido em água serve pra primeira etapa do banho. Vamos usar um pano macio ou esponja bem macia (cuidado com a esponja e a pintura, normalmente não combinam) e logo depois de molhada ensaboamos toda a moto. Antes que seque, mais água nela, retirando todo o sabão. Se ainda tiver partes sujas, tudo outra vez, água, pano macio, sabão, esfrega esfrega e água limpa por cima de tudo. Em se tratando de produtos neutros, eu prefiro lavar a moto em uma área ensolarada (não diretamente sob os raios solares, apenas com boa luminosidade) dá pra ver melhor as partes… se for sob o sol direto, redobre o cuidado de enxaguar logo que ensaboar e não deixar nunca produto químico algum secar sobre a pintura. A moto não precisa ficar de molho, rápido enxágue é muito bem-vindo.
– as partes baixas: na parte da relação de transmissão, rodas, cubos das rodas, e motor sugiro que se faça o seguinte: primeiro, o processo acima, sabão e enxague uma ou duas vezes. Depois, se for possivel coloca-la sobre um cavalete suspendendo a roda traseira, aplique querosene com um pincel macio em toda extensão da corrente, na coroa, e no pinhão. Vá aplicando e rodando a roda, vai escorrer um caldo preto, siga aplicando, o caldo vai sair cada vez mais limpo, até que sua relação estará novinha. No motor faça isso apenas caso o processo de sabão e enxague não tiver dado o resultado que você esperava. Normalmente dá.
– secagem e montagem: depois de lavar a moto, vamos fazer o mesmo processo nas partes que foram retiradas dela. Com calma e cuidado, cada parte deve ser disposta sobre uma mesa ou bancada, e lavada com bastante cuidado. Lembre-se que o tanque de combustível “solto” é uma peça que merece uma atenção especial ao manusear, pois qualquer esbarradinha vai risca-lo ou machucar a sua pintura. Uma vez todas as peças limpas adequadamente, hora de enxugar a moto. Pano macio, eu uso fraldas de tecido de algodão, mas os tecidos modernos de microfibra de poliéster fazem o trabalho bem legal, absorvem bastante, não riscam a pintura e com a vantagem de não deixar fiapos – enxugando com paciência e carinho, nos cantinhos mais escondidos da moto. O pano logo vai estar sujo, pois ao enxuga-la encontramos sujeiras que não foram retiradas com a lavagem, se for o caso troque o pano algumas vezes neste processo. Uma vez seca, pode ser montada.
– Acabamento: até este ponto usamos apenas sabão neutro e querosene pra lavar a moto, ela já está limpa, seca e montada. Falta apenas dar acabamento. Existe uma variedade imensa de produtos para essa etapa, como estamos falando de uma motocicleta – de uma área muito pequena (comparada com um carro por exemplo), o consumo de produtos é minimo. Minha sugestão é que você invista em produtos renomados, importados ou não, nos eventos de exposição de carros antigos normalmente ha uma barraquinha vendendo tais produtos. Eu nas minhas motos uso produtos “Meguiar´s” mas existem várias outras boas opções.
Uma boa cera liquida para um acabamento mais rápido nas partes pintadas, ou uma cera em pasta pra quem tiver com mais paciência e quiser um resultado mais caprichado. Qualquer uma das duas vai dar proteção necessária à sua pintura.
Nos cromados, ou os produtos nacionais tipo “brasso” ou “kaol” ou importados também encontrados nessas feiras, e também via internet. Dão um acabamento bem legal.
Nos pneus: ai é gosto pessoal. Tem quem goste de apenas mante-los limpos, bem limpos. Outros preferem silicone daquele que deixa o pneu com aparência molhada, bem brilhante. Eu gosto de tê-los pretos, mas não curto muito o jeitão artificial que esses produtos deixam, uso normalmente graxa de sapatos na cor preta. Uso daquelas liquidas, que já vem com aplicador (acho que chama “nuguet”), fica um acabamento acetinado, seco, não gruda pó e dura bastante. (Depois de secar pode-se inclusive esfregar um pano para levantar um pouco o brilho).
Silicone: Tem quem recomende um spray de silicone em todas as borrachas, mangueiras, cabos e até mesmo sobre o motor. Sem duvida fica bonito, mas eu não gosto por duas razões, a primeira é que a poeira vai grudar no silicone deixando a moto feia e suja em pouco tempo, e a segunda é que ela – em minha opinião – fica com uma aparência artificial, e não me agrada.
Esse talvez fosse mais caprichoso ainda…. |
– Lubrificação: Agora que a motocicleta está limpinha, seca, encerada é hora de, ainda sobre o cavalete, aplicar lubrificante na relação de transmissão, eu uso em minhas motos o lubrificante Motul em spray. Os fabricantes recomendam o simples óleo 90 (óleo de transmissão de carro) novo. Uso motul pois ele adere bem e rodando com a moto depois não vira aquele festival de óleo preto manchando tudo, calça da esposa, aros da roda traseira… em contra partida o Motul é mais chato pra ser retirado na próxima lavagem, ele adere demais. Mas ai, é assunto pra próxima lavagem não é mesmo?
– Um passeio: Depois de lavar, nada melhor que dar um passeio com ela. Devagar, deixando-a esquentar bem, fazendo com que o efeito giroscópico das rodas e a movimentação da moto toda expulse o que ficou de água e não deveria, “secando” internamente o escapamento. Sem falar que dá um prazer enorme passear com a danada limpinha e brilhante, não é mesmo? Só depois que ela voltar a esfriar vai pra baixo da capa, tá combinado?
Passeio depois do banho, pra deixar ela secar bem e remover a água dos cantos mais escondidos… |
– Patrocínio: este site não tem patrocínio nenhum, é escrito por um apaixonado por motocicletas e para outros apaixonados. Citei algumas marcas de produtos aqui, pois falar de como lavar a moto e não citar os produtos seria como matar a cobra e esconder o pau. Não estou defendendo esta ou aquela marca, apenas citei o que eu uso em minhas motocicletas e funciona legal, certamente existem outras opções de produtos tão boas ou melhores, algumas que eu nem conheço.
Faça do dia da lavagem uma terapia, uma diversão, é um momento muito gostoso seu e de sua moto! Aproveite!
Curtiu essa matéria? veja neste link as outras matérias que publicamos falando da manutenção das clássicas!
Aos 51 anos, Diego completa 38 intensos anos de motociclismo! Colecionador detalhista e aficionado por motos clássicas, principalmente as dos anos 1980. Ultrapassando a marca do 1.000.000 de km rodados – Seja como piloto de testes da revista Duas Rodas, aventurando-se pelo mundo em viagens épicas e solitárias em motos super-esportivas ou quebrando recordes de distancia e resistência sobre a motocicleta onde conquistou 18 certificados internacionais “IronButt”.
Compartilho dos mesmos hábitos ao lavar a minha CB 400 ano 80, principalmente a prazerosa voltinha após o banho.
Parabéns pelas matérias!
Alexandre
Compartilho dos mesmos hábitos ao lavar a minha CB 400 ano 80, principalmente a prazerosa voltinha após o banho.
Parabéns pelas matérias!
Alexandre
Valeu, Diego. Obrigado pelas valiosas dicas. Vindo de alguém como você é pra se respeitar muito! 😁
Sou motociclista há mais de 25 anos, mas sempre há algo para nos relembrar ou um detalhe para adicionar.
Acabei de comprar a minha “Clássica”, que é a Harley-Davidson Heritage. Imagino que será minha sétima e última moto, pois quero mantê-la por muitos anos. E daqui a alguns anos talvez não tenha mais saúde pra rodar pelo aí…
Grande abraço
é um prazer ajudar. espero que tenha saude para rodar bastante ainda. abraço