A informação confiável
Outro dia em um grupo do Facebook sobre modelos Honda NX350 Sahara, um dos participantes estava mostrando os detalhes de sua moto restaurada que faziam a diferença. Um dos outros participantes perguntou qual a razão dele ter colocado tal etiqueta de advertência em determinado lugar, e a resposta foi: – eu vi “em outra” Sahara e achei que ali era o certo.
Será que posso confiar “na outra”?
De fato, quando vemos alguma moto com mais de 30 anos rodando por aí, admiramos, mas não temos bem certeza se a ponta do manete tinha a bolinha preta ou não, se o espelho retrovisor tinha duas curvas ou não tinha. As peças são parecidas, a gente tem uma lembrança de como era, mas a nossa mente pode estar pregando uma peça e estarmos enganados. Mas, pra nossa sorte existem boas informações que são bastante confiáveis, muitas delas a apenas um clique de distância.
As revistas
Revistas antigas são uma fonte interminável de consulta, além de refletir a realidade daquele momento do mercado, os testes de motos dos anos 1980 / 1990 eram muito fartos, com muitas imagens, todos os ângulos eram analisados e fotografados, assim, é muito fácil descobrir onde ficava tal etiqueta de advertência e como ela era. As motos eram cedidas pelas fabricas, 100% originais, novas e intocadas. Aqui mesmo você encontra diversos testes de diversas motos antigas para download.
As coleções sérias e os museus
Um colecionador sério que publique boas fotos de suas motos também é uma importante fonte de consulta. Se é um cara sério, ele fez todo um trabalho de “volta ao original” para disponibilizar a moto, o mais próximo possível de como era na época, você pode pegar carona nessas imagens. Os museus também são ricas fontes de informação. Aqui no Motos Clássicas 80 por exemplo, você encontra fotos profissionais, em alta definição e de 8 ângulos diferentes, cobrindo cada detalhe, de varias motos que compõe o acervo do “Honda Fan Club” – museu situado na cidade de Indaiatuba, SP.
Os manuais
Deixei especialmente pro final, pois noto que pouca gente tira o proveito de uma das melhores fontes de consulta disponíveis, o Catalogo de Peças. Algumas discussões tradicionais como por exemplo “quantas CBX 750F 86 (black) foram fabricadas?” … nos grupos ouço falar de tudo. 1000 motos, 900 motos, 800 motos, uma por concessionaria e por ai vai. Mas será que ninguém pensou que essa informação está disponível no catálogo de peças? Sim, isso mesmo!!! No catálogo de peças.
O pessoal tem o hábito de abrir o catálogo, procurar de cara a página com as peças da área que procura da moto, passar o dedo no número da peça e sair por aí procurando. Mas, nas primeiras páginas existem informações preciosas – e indiscutíveis, pois no caso da pergunta acima (CBX 86) até os números de chassi de cada uma delas está disponível, veja:
Outros detalhes
Agora tomando como referencia a Honda NX 350 Sahara, primeiro, sabendo como são os modelos, anos e numerações de chassi:
É possível também saber quantas foram produzidas de cada modelo (pela numeração de chassi), quais eram os grafismos e já nessas primeiras imagens, alguns detalhes importantes podem ser vistos, como por exemplo, o fato que todas as Saharas tem ponteiras do escapamento com acabamento em alumínio escovado – exceto o modelo 1991, que vinha na cor preta de fábrica.
Mais pra frente, nas páginas de peças do catálogo, existem muitas informações a esse respeito ainda e umas pegadinhas também, confira:
Carburador de Sahara
Se você encontrar um anúncio de um carburador de Sahara completo pra venda, pode comprar de olhos fechados e colocar na sua Sahara? não, não é bem assim. Pra algumas motos até pode funcionar, mas para outras, houve modificações no projeto durante o curso de sua fabricação. Com isso, algumas peças servem para determinados anos/modelo e para outros não! Exemplo, o carburador:
Perceba no topo da página, em vermelho, que essas imagens são para as Saharas 1991 a 1997 Já nos modelos 1998 em diante o carburador é diferente.
Não estou dizendo que “não dá pra por o carburador de uma na outra”, possivelmente sim, dá até mesmo pra colocar carburador de Falcon na Sahara, ou de Tornado na XLX250R. Mas, falando de coleção, quando se refere à originalidade, detalhes devem ser observados.
Outras peças por exemplo, como o suporte de fusíveis e os fusíveis, são diferentes também, de acordo com a numeração de chassi da moto, por isso, além de observar o número da peça, convém olhar nas colunas a direita, em qual chassi elas se adaptam:
E quando a gente fala de cores então, a preocupação é maior. Não pode ir lá e comprar a “sanfona vermelha pra Sahara”. Existem duas cores de vermelho, cada uma com seu código e cada qual pra seu chassi…
Aos 51 anos, Diego completa 38 intensos anos de motociclismo! Colecionador detalhista e aficionado por motos clássicas, principalmente as dos anos 1980. Ultrapassando a marca do 1.000.000 de km rodados – Seja como piloto de testes da revista Duas Rodas, aventurando-se pelo mundo em viagens épicas e solitárias em motos super-esportivas ou quebrando recordes de distancia e resistência sobre a motocicleta onde conquistou 18 certificados internacionais “IronButt”.
Ótimo artigo, meu amigo! São esses detalhes que tão poucos conhecem… Ou, conheciam! Agora, penso, enriquecidos com as informações deste artigo! Grande abraço! Alvaro (Curitiba / PR)