A minha primeira vez…
O primeiro beijo, todos dizem que nunca se esquece…
… Mas e a primeira “motocada”?
Pra mim foi inesquecível!
Foi um tanto inusitada e muito ousada! Com apenas 11 anos, era um garoto grandão pra minha idade.
Sempre fascinado por motos, já era leitor das revistas, conhecia todas as marcas e modelos e seus respectivos roncos (não eram tantas assim no Brasil naqueles tempos…).
Paulo era o rapaz que cuidava da piscina da casa de meus pais, ele também tinha um bar que funcionava a noite, sempre ia trabalhar na limpeza da piscina com sua moto, uma incrível, enorme, espetacular – XL250R 1982 – praticamente zero km.
Lembro-me com detalhes da moto, branca, linda, impecável, reluzente, lembro-me que tinha manoplas vermelhas (acho que da Circuit, eram gordinhas, mais do que as originais), lembro-me também que não tinha os espelhos retrovisores, algo que naquela época quase todos motociclistas tiravam pra moto ficar mais “bonita”.
Pois é: era bonita!
Num tarde ensolarada Paulo chegou em casa pra cuidar da piscina e eu corri pra encontra-lo, gostava de ficar conversando com o moço enquanto ele fazia seu trabalho, eu queria saber tudo sobre a moto, e ele pacientemente me explicava. Eis que, juro, sem esperar e sem imaginar, fui surpreendido com a proposta: – quer dar uma volta nela? seguida da pergunta: – você sabe andar, não sabe?
Na hora respondi: – claro que eu sei!!! manda a chave ai!
Caracas! me lembro como se fosse hoje…
Ele jogou a chave, estava num chaveiro de “cordinha”, fui até a moto, ele foi se aproximando, montei, acreditem: sabe-se lá como, mas liguei a moto! É incrível a quantidade de detalhes que me lembro tanto tempo depois!
Antes de puxar a embreagem, meio sem jeito perguntei: – como são as marchas mesmo?
Naqueles tempos algumas motos ainda traziam câmbios em outros padrões que não o atual “primeira pra baixo e resto pra cima”…
ele me olhou com a testa franzida e disse: – ah rapaz, você não sabe andar, né?..
– claro que sei, emendei!: – só pra confirmar mesmo!
– ele disparou “primeira pra baixo e o resto pra cima, volta logo e toma cuidado”… e la fui eu, primeira pra baixo, mão no acelerador e o passeio começou. Jamais vou me esquecer da força que aquela moto tinha na subida, e seu ronco com o motor cheio, e como era “enorme”…o passeio foi sem capacete! É claro!
Dei uma volta razoavelmente curta, me lembro o roteiro inteirinho e posso dizer que foi coisa de uns 5 km, voltei com os olhos lacrimejando do vento no rosto, sorrindo e tremendo da cabeça aos pés!
Não contei pra ninguém em casa, mas sonhei com aquele passeio por muuuuito tempo!
Ahhh e o primeiro beijo? pois é, dele não me lembro… E você, se lembra da sua primeira vez?
Aos 51 anos, Diego completa 38 intensos anos de motociclismo! Colecionador detalhista e aficionado por motos clássicas, principalmente as dos anos 1980. Ultrapassando a marca do 1.000.000 de km rodados – Seja como piloto de testes da revista Duas Rodas, aventurando-se pelo mundo em viagens épicas e solitárias em motos super-esportivas ou quebrando recordes de distancia e resistência sobre a motocicleta onde conquistou 18 certificados internacionais “IronButt”.