Bem, aí entra a ideia maluca do Diego Rosa. Ele propôs que
A Coleção de Amigos II teria como tema nossa admiração e agradecimento aos jornalistas dos anos de 1980. Assim, embarcamos numa aventura que durou seis meses para trazer a elite do jornalismo e aventureiros do mundo das motos para Atibaia.
Então, desliga o motor, tira o capacete e senta que lá vem história de uma verdadeira batalha…
Nosso primeiro desafio foi fechar a data e, para isso, teríamos dois fatores fundamentais: não poderia chover e ser uma data livre de lançamentos de carros, motos ou Salões Internacionais. A questão da chuva era relativamente fácil, escolhemos o inverno, quando chove menos. Agora a data livre era um problema pois muitos dos jornalistas ainda atuam em suas áreas e costumeiramente viajam para eventos internacionais. Por sorte, o mês de julho não costuma acontecer eventos no Hemisfério Norte – lá é época de calor e férias.
A tropa dos jornalistas
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Josias Silveira na Honda XL 250R da garagem Motos Clássicas 80 |
Definida a data, 14 de julho, teríamos que contactar os jornalistas e aventureiros e produzir convites individuais para cada um. Mas não seria um convite comum, e sim algo que tocasse os seus corações e mostrasse a eles a importância na vida do leitor das suas matérias nos anos de 1980.
No começo de 2019 participei de diversos eventos de lançamentos de motos e encontrei muitos desses jornalistas como Josias Silveira, Téo Mascarenhas, Fausto Macieira, Geraldo “Tite” Simões, Gabriel Marazzi, Eduardo Viotti, Celso Miranda, Roberto Agresti, Carlãozinho Coachman entre outros. Tudo gente “das antigas” que, na década de 1980, escreviam para as principais revistas como a Duas Rodas, MotorShow, Revista da Moto!entre outras publicações.
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Gabriel Marazzi e Carlaozinho Coachman |
Chamava cada um deles no canto e dizia que, em breve, iriam receber um convite individual.
— “Você lembrará do passado e entenderá a importância das revistas especializadas. Sentirá o quanto as matérias que escrevia, os testes e as aventuras transformaram a vida dos leitores”. Este era o recado!
Na época estava aprendendo a editar vídeos e, junto com o Diego, tínhamos muitas ideias para produzir os convites personalizados. Por fim gravamos (e regravamos) onze vídeos com o Diego contando como as matérias foram importantes para sua formação como motociclista. Depois convidava um a um para vir até a garagem e andar nas motos. Veja abaixo o convite que enviamos para o Josias Silveira, um dos jornalistas mais influentes no setor.
Muitos desses jornalistas da “velha guarda” ajudaram a formar jovens talentos (jovens na época. claro kkk) e alguns deles estiveram nossa garagem naquele 14 de julho. Aldo Tizzani e Fabiano Godoy (editor e colaborador da Revista Moto Adventure) assim como Laner Azevedo – hoje assessor de imprensa da Yamaha, que trabalhou em diversas revistas como a Revista da Moto!, Motociclismo e MotoMax. Eles contribuíram com textos, testes e imagens no fortalecimento do uso da motocicleta.
Um velho tanque de guerra
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Roberto Agresti, Eduardo “Minhoca” Zampieri e Luiz Mingionne, fotografados por Marcelo Vigneron |
Voltando ao tema Segunda Grande Guerra, um dos equipamentos mais importantes nos conflitos terrestres são os tanques e aqui em nossa garagem temos um especial. Ele não deflagra projéteis e, sim, imortaliza autógrafos. A peça, comprada pelo Mercado Livre, era da Honda CB 150 Aero e oferece uma área grande e branca, perfeita para autógrafos. Nosso tanque é um verdadeiro troféu “de guerra” pois recebeu recebeu assinaturas de jornalistas como Roberto Agresti e Eduardo “Minhoca” Zampieri. Eles não estiveram no dia 14 de julho, mas vieram na avant premiere assim como o engenheiro/piloto Luiz Mingione e o fotógrafo Marcelo Vigneron.
Aquele vídeo do Whats
Por falar em vídeo, ele se proliferou nos grupos de WhatsApp e você já deve ter visto algumas cenas. Se quiser assistir completo entre no nosso canal e se inscreva. Você pode ver aqui também.
Deslocamos o batalhão da aventura
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O Gau na transamazonica em 1976.
Alguns documentos dessa viagem, autografados,
ficaram em nosso acervo. |
Além dos testes de motos, os relatos de aventuras faziam muito sucesso na revista Duas Rodas e queríamos trazer o João Gonçalves Filho, o Gau, para participar da nossa reunião de amigos. Você se lembra dele? Gau foi o primeiro motociclista a atravessar a transamazonica de moto, em 1976 com uma Harley Davidson. Ele mora em Santa Catarina e topou vir para São Paulo – “vou de moto e depois sigo para o Maranhão” disse ele.
Topando de imediato rever os amigos das revistas. Junto com o Gau, veio seu amigo Marcelo, gente boa e também amante das motos clássicas e grande aventureiro.
Outro aventureiro importante foi o Edgard Cotait, um dos fundadores da Comunidade VMAS (Viagens de Moto América do Sul) e amigo pessoal. Um cara que já percorreu de Portugal até os confins da Rússia de Yamaha XT 660, rodou pela América do Sul de Honda Tornado e já cruzou dos Estados Unidos até o Panamá com uma Ural 750, levando no side-car o saudoso amigo Paulo em sua última, e desejada, viagem.
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Edgard Cotait, Cicero Lima, Marcelo Resende, Diego Rosa, Fabiano Godoy, Alexandre Leonard e João Gonçalves Filho, o Gau |
Nas trincheiras da imagem
Outros amigos também vieram com a importante missão de registrar a batalha. Mário Villaescusa, Aldo Tizzani (o filho Fábio) e o Gustavo fizeram o possível e o impossível para filmar e fotografar tudo o que aconteceu naquele dia. Mas antes do 14 de julho fizemos filmagens e fotos de todas as motos para ter um grande registro do acervo do Motos Clássicas80.
Foram horas de vídeos e centenas de fotos captados por diversos equipamentos, na hora de editar o vídeo contamos com o Vitor Mayer que teve muita paciência com as nossas solicitações.Além disso, a equipe estava atenta à movimentação dos convidados e fazia as entrevistas onde eles falavam das motos antigas e como foi o prazer de pilotá-las após muitos anos.
Camarão com querosene
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Chef Molina e a maravilhosa Paella
Enquanto os convidados passeavam com as motos, acontecia uma transformação na garagem. O chef Molina e sua equipe misturavam o aroma do camarão, lula, ostras e outros frutos do mar com o peculiar aroma de graxa, querosene e peças antigas tão comuns em nossa garagem. Aos poucos o cheiro da saborosa paella invadia o espaço. As horas de preparação foram compatíveis com o período de nosso passeio. Quando retornamos a garagem parecia um grande restaurante, pronta para receber os convidados novamente. |
Em cada garfada, gole de vinho ou cerveja, brotavam histórias fantásticas de um passado não muito distante. Histórias que falaram das dificuldades, alegrias e criatividade necessárias para editar uma revista mensal de moto. E tinham que ser muitos criativos mesmo, haviam apenas quinze modelos disponíveis no mercado. Em 1986, por exemplo, somente Honda, Yamaha, Agrale e Vespa produziam motos no Brasil. A paella estava sensacional e tinha o mesmo tempero da criatividade dos anos de 1980, quando as motos eram robustas, bonitas e inesquecíveis.
O dia da nossa revolução
Para nós do Moto Clássicas80, 14 de julho de 2019 foi uma data marcante. Naquele dia conseguimos reunir os mestres do jornalismo em nossa garagem que ficou cheia de bom humor, histórias e lembranças. Claro que nem todos conseguiram estar presentes, mas suas revistas com as matérias estão em nossas prateleiras como relíquias. Nossa garagem sempre estará aberta esperando o momento que eles virão até Atibaia para autografar as revistas e entenderem a importância de seus testes, textos e fotos para os motociclistas (ou motoqueiros) dos anos 80.
Bom, eu até deixaria eles darem uma volta com minha amada CB 450 TR, mas com alguma garantia, kkkk.